quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Temporão


Num beijo que nem chegou a ser de amor
é onde estou agora

Era terra infértil de novo
e eu ali me semeando

Não sei que doença há nos meus olhos
e nos meus sentidos

Era superficial e fogo
e eu ali me semeando

Trovões e relâmpagos
alertavam da chuva
que não veio

Por que se injetou na dança, nos planos, nas ancas
se não era para durar?

Tudo o que é demais não cabe
e em silêncio recolhi as minhas sobras

Morri semente sonhando com podas


Barbara Leite
Imagem retirada do site: http://niilismo.net/galeria/index_10.php

domingo, 16 de agosto de 2009

Apenas vestígios


Não sei dos meus caminhos
de amanhã.
Nem de hoje daqui a pouco.

Sei que tenho pernas
e espasmos de intuição.

E prazer nos labirintos.
E tenho cestas de maçãs.

Detenho um grito rouco,
e pressa em seguir chão.

Meus rastros se perderam em
ânsias,

e certos pedaços de asfalto
são apenas ruas sem importância.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Panorama


No tempo que assistia o mundo
dependurada nos pés de ameixa

Eu rodopiava canções bonitas em companhia do meu amado e saboreava maças do amor nas festas juninas e tinha um estoque de bilhetes apaixonados...

Contudo,
o tempo nada deixa

Onde estão as paisagens
que eu ria do arvoredo?

Pra ser só, me sobrou coragem
desisti do uso do amor placebo

sábado, 16 de maio de 2009

O que sei do que sou


Sou fruto que sorri o meu maduro
a qualquer boca esfomeada

nau sem bússola
que sabe o caminho
buscando coragem nas paradas

devastadora de almas virgens
mendiga de entender o outro

Faço fronteira com o impossível
desfilando paixões por trigo e por
joio

Coleciono saudades, esperanças
e buquês
Um estoque de amanhãs, panoramas
e porquês

No ventre
um filho que ainda não tem pai
nem vida, nem certeza

Nos pertences
delírios em excesso pra qualquer ocasião
papel , lápis e batom

Eu sou poeta
amante dos futuros

a retina que dobra a
esquina
em busca de assunto

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Pra não dizer que não falei das dores


Ainda não chegou o tempo
da colheita de estrelas
e te vejo apressado em luzir

Distraio-me no balé esverdeado
de vaga-lumes brilhando pequenos
e em bando

Você semeia engano,
eu escolho sorrir

O egoísmo é coisa natural

E quando voltar a me furtar
estenda flores em meu varal



Ps: Imagem retirada do blog: http://reclinada.blogspot.com/2008_10_01_archive.html

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Festa em mim





Não. Não foi de repente
mas não me pergunte quando
que dei pra ser contente
quando estamos nos olhando

É uma festa dentro de mim!

E se assim pareço fria,
é por não saber o que dizer
mas muito me contentaria
te nomear meu novo você

E seria outra festa dentro de mim!



Imagem retirada do site:
www.textolivre.com.br/poemas/3678-seducao

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Ainda Agora


Ela brincou de dor debaixo da chuva
alimentou-se das gotas dos temporais
olhou seu corpo e encontrava-se nua
vestida apenas com seus somados ais

Brincou de cabra cega com o passado
usou a venda nos olhos como amuleto
tateou e experimentou sabor amargo
saturou-se de brincar de ser brinquedo

Restos de lágrimas molhavam seu colo:
-É tarde,
mas ainda é agora!

E brincou de roubar coroas dos reis
reaprendeu a ser nua com estranhos
recomeçou a brincar de era uma vez
ignorando teses do seu olhar castanho

Restos de sorrisos enfeitavam seu rosto:
-É tarde,
Mas ainda é agora!


Barbara Leite


Poema musicado por Heitor Branquinho!