sexta-feira, 23 de novembro de 2007
COMPOSIÇÃO DA VIDA
Todo resto é mera teoria
A vida aprende-se
com ruídos de uma ave maria.
Hoje eu já sei mais um pouco...
Afinal
ontem eu tinha só uma certeza:
O final,
fatídica lei da natureza
Hoje me reconheço um nada.
Um nada mais intenso
Um nada mais compreensivo
Um nada mais ameno
Um nada mais permissivo
Voltando eu e minhas tantas lembranças
Encontro um tocador de sax na paulista
Ele tinha paz e já uma avançada idade
Ele era sagaz, de incrível sensibilidade
Parou bem ao lado do carro onde estava
como se soubesse o que queria entender:
Toda música sempre acaba,
E o silêncio não é o fim...
É apenas silêncio.
Músicas podem ser lembradas.
Músicas podem ser cantadas.
Músicas fazem reviver.
E todo resto é mera teoria
A vida alterna-se
Em dor, alegria e poesia...
Barbara Leite
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
A FORÇA DO ANEL DA FLOR DE LÓTUS
Gosto de caminhar pelo mundo
compartilhando dores estranhas
ocupar os limites do profundo
amenizar injustiças tamanhas
Algumas coisas saram com um beijo
e isso me satisfaz...
Outras coisas necessitam dinheiro
isso me faz incapaz...
A grana que falta aos coitados
é grama que forra os palácios
é gana de múltiplos otários
Ai ,agonia que habita em mim
Saia em lágrimas
Saia em versos
Saia em gritos
Mas saia!
Fico forte quando uso o anel
de flor de lótus
de prata forte
da preta forte.
Barbara Leite
Uma pequena homenagem a uma grande mulher:Vera Mira...
...
"Tá faltando consciência...tá sobrando paciência..tá faltando alguém gritar.."
Zezé di Camargo
domingo, 18 de novembro de 2007
DA DOR QUE ENCONTREI
Palco: Centro de São Paulo
Ano: 2003
Personagens: Reais
Dor: Pungente
.
ELES
De origem a mim desconhecida
Impossível distinguir por sotaque
Eram vítimas da cidade enfurecida
Que sequer notava suas dificuldades
Mal vestidos
Mal morados
(E sorriam!)
Invadiram uma casa abandonada
Sem água e luz, sem cama nem nada
A família toda catava sucata e papelão
Fuçavam os lixos,assim não ouviam “não”
Umas vinte pessoas..
Velhos
Moços
Crianças
TODOS fanhos e gagos
Não é que eram de fato
Um ou dois que eram de verdade
O restante era por aprendizado
Por serem:
Tão só eles, tão coitados
Tão a margem da sociedade
Tão solitários os fanhos-gagos
NÓS
O dialeto era mesmo incompreensível
Mas era justamente na incompreensão
Que nos uníamos no mesmo pensamento:
“- Meu Deus, por que essa desigualdade?”
EU
Uma dor aguda me acompanha desde então.
Eu que me queixava há tanto tempo
Por não ter verba pro curso de inglês
Abandonei este e múltiplos lamentos
Hoje me basta ser fluente em português
Barbara Leite
...
"Eu perguntei à Deus do céu ai, por que tamanha judiação"
Luiz Gonzaga
Ano: 2003
Personagens: Reais
Dor: Pungente
.
ELES
De origem a mim desconhecida
Impossível distinguir por sotaque
Eram vítimas da cidade enfurecida
Que sequer notava suas dificuldades
Mal vestidos
Mal morados
(E sorriam!)
Invadiram uma casa abandonada
Sem água e luz, sem cama nem nada
A família toda catava sucata e papelão
Fuçavam os lixos,assim não ouviam “não”
Umas vinte pessoas..
Velhos
Moços
Crianças
TODOS fanhos e gagos
Não é que eram de fato
Um ou dois que eram de verdade
O restante era por aprendizado
Por serem:
Tão só eles, tão coitados
Tão a margem da sociedade
Tão solitários os fanhos-gagos
NÓS
O dialeto era mesmo incompreensível
Mas era justamente na incompreensão
Que nos uníamos no mesmo pensamento:
“- Meu Deus, por que essa desigualdade?”
EU
Uma dor aguda me acompanha desde então.
Eu que me queixava há tanto tempo
Por não ter verba pro curso de inglês
Abandonei este e múltiplos lamentos
Hoje me basta ser fluente em português
Barbara Leite
...
"Eu perguntei à Deus do céu ai, por que tamanha judiação"
Luiz Gonzaga
O PRÓXIMO
Ame o próximo!
No mínimo,
porque é o que te convém,
por ser o lugar depois do nada,
nova esperança que se tem.
Ame o próximo!
O desconhecido...
Porque tudo sempre será incerto
As coisas se transformam (ou acabam)
e é preciso algo por perto.
Ame o próximo,
pois faz parte da vida esquecer!
Porque histórias do passado
São apenas histórias do passado
e
não
as
conte
como
quem
toma
remédio
em
conta
gotas
Ame o próximo
Porque é óbvio e elementar!
Porque grandes coisas acontecem no amanhã
Porque grandes coisas acontecem no adeus
Por não haver mais nada a perder
e seja qual for o seu vazio de agora,
não te fez morto!
Ame o próximo,
como a ti mesmo.
Barbara Leite
...
"Amanhã outro dia"
Djavan
No mínimo,
porque é o que te convém,
por ser o lugar depois do nada,
nova esperança que se tem.
Ame o próximo!
O desconhecido...
Porque tudo sempre será incerto
As coisas se transformam (ou acabam)
e é preciso algo por perto.
Ame o próximo,
pois faz parte da vida esquecer!
Porque histórias do passado
São apenas histórias do passado
e
não
as
conte
como
quem
toma
remédio
em
conta
gotas
Ame o próximo
Porque é óbvio e elementar!
Porque grandes coisas acontecem no amanhã
Porque grandes coisas acontecem no adeus
Por não haver mais nada a perder
e seja qual for o seu vazio de agora,
não te fez morto!
Ame o próximo,
como a ti mesmo.
Barbara Leite
...
"Amanhã outro dia"
Djavan
DAS CONTRADIÇÕES
Se eu sou estranha, fico tentando calcular o tamanho da maluquice do mundo!
Compro cigarros a cada dia.
Na verdade não são cigarros.
Compro vinte chances de parar.
Como se isso me fizesse capaz!
Acendo chances compulsivamente.
E comemoro meus novos fracassos.
Saio da padaria onde comprei as vinte chances de não ser mais escrava do vício e:
Encontro minha vizinha.
Dou um sorriso escancarado.
Digo olá e pergunto se está tudo bem.
Mas na verdade nunca quero saber.
Viro minhas costas e escuto longe:
- Tudo bem minha querida, e você?
Compro cigarros e encontro a vizinha que persevera em sua simpatia todos os dias.
E sempre após dar o meu silêncio como resposta, eu entro em casa e choro sozinha.
Barbara Leite
...
"Mas as pessoas da sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer"
Caetano Veloso
Compro cigarros a cada dia.
Na verdade não são cigarros.
Compro vinte chances de parar.
Como se isso me fizesse capaz!
Acendo chances compulsivamente.
E comemoro meus novos fracassos.
Saio da padaria onde comprei as vinte chances de não ser mais escrava do vício e:
Encontro minha vizinha.
Dou um sorriso escancarado.
Digo olá e pergunto se está tudo bem.
Mas na verdade nunca quero saber.
Viro minhas costas e escuto longe:
- Tudo bem minha querida, e você?
Compro cigarros e encontro a vizinha que persevera em sua simpatia todos os dias.
E sempre após dar o meu silêncio como resposta, eu entro em casa e choro sozinha.
Barbara Leite
...
"Mas as pessoas da sala de jantar são ocupadas em nascer e morrer"
Caetano Veloso
MIGALHA MENSURADA
Eu já havia me decidido
Fantasiar-me de realidade
Deixar pra trás as utopias
Esquecer qualquer metade
Retornei a minha essência
E o culto ao impraticável
Sofro de novo abstinência
Será destino irremediável?
É estranho venerar o longe
Olhar a lua para ser reflexo
Construir desmedidas pontes
Para me perder no seu amplexo
Sangro a falta de liberdade
Vibro por surtos de loucura
Desprezo a nossa castidade
É a insensatez que nos apura
Dói-me a sutileza do meado
Fere-me rações equacionadas
Amputa-me ser eu o errado
Por querer migalha mensurada
Barbara Leite
...
"Nunca mais, venha mendigar uma ração de amor"
Flávio Venturini
Fantasiar-me de realidade
Deixar pra trás as utopias
Esquecer qualquer metade
Retornei a minha essência
E o culto ao impraticável
Sofro de novo abstinência
Será destino irremediável?
É estranho venerar o longe
Olhar a lua para ser reflexo
Construir desmedidas pontes
Para me perder no seu amplexo
Sangro a falta de liberdade
Vibro por surtos de loucura
Desprezo a nossa castidade
É a insensatez que nos apura
Dói-me a sutileza do meado
Fere-me rações equacionadas
Amputa-me ser eu o errado
Por querer migalha mensurada
Barbara Leite
...
"Nunca mais, venha mendigar uma ração de amor"
Flávio Venturini
RESQUÍCIOS DE FÉ
Eu, pessoa nascida pra crer
Hoje sou vista de mãos dadas
Com a constante desconfiança
Eu, pessoa que busca entender
Hoje sou mulher desacreditada
Conheço as minhas lembranças
Acreditei em palavras
E sinto que naufraguei.
Acreditei nos homens
O tanto que lamentei
Acreditei em Deus
E até agora busquei
Nunca acreditei no infinito
Dele digo improvável
Mas confesso que bonito
Acreditar é confortável
Mas a dúvida é alimento
E só um dos meus lamentos
Mas tudo é salvo
Pelos novos devaneios
Ou pela fé em algo
Eu ainda acredito em mim.
Barbara Leite
"Se você quiser alguém em quem confiar...confie em si mesmo"
Flávio e Cláudio Venturini
Hoje sou vista de mãos dadas
Com a constante desconfiança
Eu, pessoa que busca entender
Hoje sou mulher desacreditada
Conheço as minhas lembranças
Acreditei em palavras
E sinto que naufraguei.
Acreditei nos homens
O tanto que lamentei
Acreditei em Deus
E até agora busquei
Nunca acreditei no infinito
Dele digo improvável
Mas confesso que bonito
Acreditar é confortável
Mas a dúvida é alimento
E só um dos meus lamentos
Mas tudo é salvo
Pelos novos devaneios
Ou pela fé em algo
Eu ainda acredito em mim.
Barbara Leite
"Se você quiser alguém em quem confiar...confie em si mesmo"
Flávio e Cláudio Venturini
JUPARÁ LÁ, JUPARÁ CÁ
Jupará era um menino preto
Filho de mãe ébria e pai morto
Tendo padrasto desinteressado
E considerado burro por todos
Dono de uma ingenuidade vasta
E um sorriso mais que sincero
Com sonhos considerados bobos
Ninguém entendia seus critérios
Com pouco se alegrava o menino
Bastava atenção e algo pra comer
Entretanto ele não saía do castigo
Afinal os entes não sabiam entender
A família foi pra Minas Gerais
Rumava Jupará e seus tantos ais
Vez ou outra eu questionava
Como meu menino Jupará estava
E num dia que eu não sei dizer
Me contaram que veio a morrer
Meu menino pegou estrada errada
E de traficantes ganhou balas
Hoje ao ver data na folhinha
Me veio toda essa lembrança
Era dia de fazer festa pra ele
Pois ainda hoje seria criança
Meu menino Felipe Jupará
Sua história é só mais uma
Hoje posso apenas te lembrar
É o que a vida nos apruma.
"Uma triste história vou lhes contar"
Getúlio Cortes
Filho de mãe ébria e pai morto
Tendo padrasto desinteressado
E considerado burro por todos
Dono de uma ingenuidade vasta
E um sorriso mais que sincero
Com sonhos considerados bobos
Ninguém entendia seus critérios
Com pouco se alegrava o menino
Bastava atenção e algo pra comer
Entretanto ele não saía do castigo
Afinal os entes não sabiam entender
A família foi pra Minas Gerais
Rumava Jupará e seus tantos ais
Vez ou outra eu questionava
Como meu menino Jupará estava
E num dia que eu não sei dizer
Me contaram que veio a morrer
Meu menino pegou estrada errada
E de traficantes ganhou balas
Hoje ao ver data na folhinha
Me veio toda essa lembrança
Era dia de fazer festa pra ele
Pois ainda hoje seria criança
Meu menino Felipe Jupará
Sua história é só mais uma
Hoje posso apenas te lembrar
É o que a vida nos apruma.
"Uma triste história vou lhes contar"
Getúlio Cortes
LIBERTAÇÃO
Aventurei-me a fazer
um poema de afeição
usando de métricas
rimas e sofisticação
(nem sempre éticas)
Atirei-me no vazio
De versos bonitos
Tão imprecisos
Não fui démodé
(e tão pouco usei clichês)
Não rimei
Amor com flor
Usei a mente
E não os “mentes”
apaixonada
urgente
e deliciosamente.
Tentei nos definir
com regras
(piegas)
O poema não saiu.
A paixão é desmedida do tamanho do infinito, como posso limitar?
Desde que me apaixonei
Eu não consegui criar
Esse poema de amor
É apenas pra me libertar
ha-ha-ha
Barbara Leite
...
"Nada como estar apaixonado de novo"
Dudy
um poema de afeição
usando de métricas
rimas e sofisticação
(nem sempre éticas)
Atirei-me no vazio
De versos bonitos
Tão imprecisos
Não fui démodé
(e tão pouco usei clichês)
Não rimei
Amor com flor
Usei a mente
E não os “mentes”
apaixonada
urgente
e deliciosamente.
Tentei nos definir
com regras
(piegas)
O poema não saiu.
A paixão é desmedida do tamanho do infinito, como posso limitar?
Desde que me apaixonei
Eu não consegui criar
Esse poema de amor
É apenas pra me libertar
ha-ha-ha
Barbara Leite
...
"Nada como estar apaixonado de novo"
Dudy
SAUDADE POSTERIOR
As suposições já são legítimas
É chegada a hora do depois
Quem dera tivesse sido ínfima
E nós apenas um breve oi
É tarde!
Em uma tarde já provamos o gosto do amor.
Agora meu sorriso é mais largo
E meu desejo outra vez preciso
Mas permanece o sabor amargo
De viver de novo o improviso
É tarde!
Espero nova tarde pra me perder em seu calor.
Hei de fumar meu ópio
Alucinar-me de reticências
Coreografar o puro ócio
De nossa devassa decência
Barbara Leite
...
“No Dia quem que você foi embora eu fiquei,sentindo saudade do que não foi”
Lenine
É chegada a hora do depois
Quem dera tivesse sido ínfima
E nós apenas um breve oi
É tarde!
Em uma tarde já provamos o gosto do amor.
Agora meu sorriso é mais largo
E meu desejo outra vez preciso
Mas permanece o sabor amargo
De viver de novo o improviso
É tarde!
Espero nova tarde pra me perder em seu calor.
Hei de fumar meu ópio
Alucinar-me de reticências
Coreografar o puro ócio
De nossa devassa decência
Barbara Leite
...
“No Dia quem que você foi embora eu fiquei,sentindo saudade do que não foi”
Lenine
PUREZA PERDIDA
Escravos de pó, estavam caxangá
tiro,
(decom)põe,
deixa cheirar
bueiros dianteiros fazem
zigue-zigue-lá
Barbara Leite
...
“Ela também estava perdida e por isso se agarrava a mim também, eu me agarrava a ela porque eu não tinha mais ninguém”
Renato Russo
tiro,
(decom)põe,
deixa cheirar
bueiros dianteiros fazem
zigue-zigue-lá
Barbara Leite
...
“Ela também estava perdida e por isso se agarrava a mim também, eu me agarrava a ela porque eu não tinha mais ninguém”
Renato Russo
NO POMAR
Hoje colhi jabuticabas
e restos de lembranças
Quase sorri um riso amarelo
mas estava muito cansada
meus dentes só queriam mastigar a fúria
(como um dente de alho)
Vícios e virtudes sucumbem o mesmo espaço.
Não importa a ordem dos meus sonhos
São sonhos.
São prezados.
São esperados.
Hoje sou covarde
Mas ao menos me respeito
Peço-me calma com frases feitas:
Daqui a dezenove minutos tudo se resolve.
(Cuspi versos direcionados)
E eu volto a colher jabuticabas
Mas não as como.
Barbara Leite
...
"Eu estava passeando no pomar..."
Nando Reis
e restos de lembranças
Quase sorri um riso amarelo
mas estava muito cansada
meus dentes só queriam mastigar a fúria
(como um dente de alho)
Vícios e virtudes sucumbem o mesmo espaço.
Não importa a ordem dos meus sonhos
São sonhos.
São prezados.
São esperados.
Hoje sou covarde
Mas ao menos me respeito
Peço-me calma com frases feitas:
Daqui a dezenove minutos tudo se resolve.
(Cuspi versos direcionados)
E eu volto a colher jabuticabas
Mas não as como.
Barbara Leite
...
"Eu estava passeando no pomar..."
Nando Reis
PALAVRAS
O artefato leva
o que se plantou
Pá-lavra
Barbara Leite
...
"Palavras apenas palavras"
Marisa Monte e Moraes Moreira
o que se plantou
Pá-lavra
Barbara Leite
...
"Palavras apenas palavras"
Marisa Monte e Moraes Moreira
AMARGA DOR
Precisava adoçar o café
Não havia açúcar no açucareiro
Era necessário pegar o pote
O pote estava vazio
Era necessário pegar um pacote
Não havia pacote
Era necessário ir ao mercado
Não havia dinheiro
Era necessário trabalho
Não havia vontade
.
.
.
Pegou a xícara de porcelana
Forrou a mesa com a toalha mais bonita
Pegou o bule de café
Colocou-o sobre o objeto designado descansa-dor
E ali de fato o fez,
Saboreando café adoçado de sal
Barbara Leite
...
"Passos pela rua lá vem amor, vem cambaleando entra pra um café..."
Marcello Mira
Não havia açúcar no açucareiro
Era necessário pegar o pote
O pote estava vazio
Era necessário pegar um pacote
Não havia pacote
Era necessário ir ao mercado
Não havia dinheiro
Era necessário trabalho
Não havia vontade
.
.
.
Pegou a xícara de porcelana
Forrou a mesa com a toalha mais bonita
Pegou o bule de café
Colocou-o sobre o objeto designado descansa-dor
E ali de fato o fez,
Saboreando café adoçado de sal
Barbara Leite
...
"Passos pela rua lá vem amor, vem cambaleando entra pra um café..."
Marcello Mira
ODE À TRAIÇÃO
Do jeito que eu lhe predigo
Sinto-me infante que fez arte
Que suplica por liberdade
Julgando um erro o castigo
Da urgência que me entrego
De já ir rondar seu mundo
Faço por não ouvir o eco
Consciência grita: imundo
Do jeito que fomos apresentados
Faço-me agnóstica de minha culpa
Brinco do prazer de imaginar pecado
Nós dois enlaçados em grande fúria
Ouvi atentamente sobre o amor
Mas nunca o deparei de fato
Muitos dizem ser um dissabor
E que olhar pro lado não é errado
O padre um dia ensinou
“Não cobiçar a mulher do próximo”
Mas como lésbica não sou
Deus há de entender, e esta ótimo!
Barbara Leite
...
"E eu já vesti o meu amor, numa camisa de força"
Marco Vilane
Sinto-me infante que fez arte
Que suplica por liberdade
Julgando um erro o castigo
Da urgência que me entrego
De já ir rondar seu mundo
Faço por não ouvir o eco
Consciência grita: imundo
Do jeito que fomos apresentados
Faço-me agnóstica de minha culpa
Brinco do prazer de imaginar pecado
Nós dois enlaçados em grande fúria
Ouvi atentamente sobre o amor
Mas nunca o deparei de fato
Muitos dizem ser um dissabor
E que olhar pro lado não é errado
O padre um dia ensinou
“Não cobiçar a mulher do próximo”
Mas como lésbica não sou
Deus há de entender, e esta ótimo!
Barbara Leite
...
"E eu já vesti o meu amor, numa camisa de força"
Marco Vilane
EGO COMUM
É de repente que me chega essa confusão
Esse ioiô de pensamentos quase definidos
Um passeio desnecessário entre sim e não
Mísero anseio de cutucar os meus conflitos
Peço a consciência um instante de acalanto
Descanso no azul de um céu que é particular
Rejeito qualquer dor residente no meu pranto
Me aceito humana com necessidade de falhar
Alcanço Assis e suas tão ilustres batatas
E isso não me doeu como imaginava
(pra ser sincera não me doeu.)
Olhei pras estrelas com o egoísmo
Ele me fez um convite sensual
Abdiquei de ser peito ferido
Alegra-me hoje ser punhal.
Barbara Leite
...
"E a voz da santa dizendo, o que é que estou fazendo cá em cima desse andor?"
Chico Cesar
Esse ioiô de pensamentos quase definidos
Um passeio desnecessário entre sim e não
Mísero anseio de cutucar os meus conflitos
Peço a consciência um instante de acalanto
Descanso no azul de um céu que é particular
Rejeito qualquer dor residente no meu pranto
Me aceito humana com necessidade de falhar
Alcanço Assis e suas tão ilustres batatas
E isso não me doeu como imaginava
(pra ser sincera não me doeu.)
Olhei pras estrelas com o egoísmo
Ele me fez um convite sensual
Abdiquei de ser peito ferido
Alegra-me hoje ser punhal.
Barbara Leite
...
"E a voz da santa dizendo, o que é que estou fazendo cá em cima desse andor?"
Chico Cesar
MESMA HISTÓRIA
Cactos nascem solenemente no asfalto
Justificando os espinhos pela futura flor
Todos da mesma laia
Laia laiaaaaaa
Laia laiaaaaaa
Espinhos argumentam os mesmos ais
Dizendo ferir por sua egoística paz
Todos da mesma laia
Laia laiaaaaaa
Laia laiaaaaaa
Flores prometem a mesma ninharia
Enfeite temporário e fantasia vadia
Todas da mesma laia
Laia laiaaaaaa
Laia laiaaaaaa
Dos cactos repúdio a flor
Dos espinhos desprezo ais
Das flores as falsas promessas
O cinza do asfalto me chega mais justo.
Ouço baixinho uma música ao longe
Que me afaga como um grito amigo
“Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus
Laia laiaaaaaa
Laia laiaaaaaa”
Barbara Leite
Trecho de Chico Buarque "Minha História"
Justificando os espinhos pela futura flor
Todos da mesma laia
Laia laiaaaaaa
Laia laiaaaaaa
Espinhos argumentam os mesmos ais
Dizendo ferir por sua egoística paz
Todos da mesma laia
Laia laiaaaaaa
Laia laiaaaaaa
Flores prometem a mesma ninharia
Enfeite temporário e fantasia vadia
Todas da mesma laia
Laia laiaaaaaa
Laia laiaaaaaa
Dos cactos repúdio a flor
Dos espinhos desprezo ais
Das flores as falsas promessas
O cinza do asfalto me chega mais justo.
Ouço baixinho uma música ao longe
Que me afaga como um grito amigo
“Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus
Laia laiaaaaaa
Laia laiaaaaaa”
Barbara Leite
Trecho de Chico Buarque "Minha História"
PARA PLANTAR LEMBRANÇA
Não tem mais tic-tac
Os relógios correm digitais
Até o merthiolate
Quando uso não me arde mais
Eu já não ouço o tempo
Mas ainda sinto dor
Não tem mais telegrama
Sentimento é virtual
E a música baiana
Resumiu-se em carnaval
Eu já não mando cartas
Mas ouço os filhos de Canô
E diante das mudanças - Ando
Diante das andanças- Mudo
Diante das mudanças –Muda
Barbara Leite
...
"Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais"
Belchior
Os relógios correm digitais
Até o merthiolate
Quando uso não me arde mais
Eu já não ouço o tempo
Mas ainda sinto dor
Não tem mais telegrama
Sentimento é virtual
E a música baiana
Resumiu-se em carnaval
Eu já não mando cartas
Mas ouço os filhos de Canô
E diante das mudanças - Ando
Diante das andanças- Mudo
Diante das mudanças –Muda
Barbara Leite
...
"Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais"
Belchior
MENINICE
Onde estão as ladeiras
Que abrigam os meninos
E seus rolimãs
O São João das fogueiras
Dos sonhos antigos
Os pés de romã
Os parques de diversão
Que alegravam a cidade
Por todo domingo
O domador de leão
Com tamanha coragem
Na arena do circo
A adoleta, a ciranda
O corre cotia
Barra manteiga, rouba bandeira
A casa da tia
A coleção de tatu
Figurinhas e selo
Uma porção de moedas
De latas, brinquedos
Os dias longos de minha infância
A dança com meu amor- amigo
A espera do natal com tanta ânsia
O beijo de afeto após o castigo
O tempo cumpriu seu papel
E me fez criança crescida
Passeando num mundo cruel
e aguçando novas feridas
Olhei aflita procurando restos
Devaneei por pouco ter encontrado
Vi uma menina com criança no colo
E aquilo não era nada engraçado
Ela era e não brincava (de)
Mãe da rua.
...
"Saudade então assim é ruim..."
Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira
SÓ ISSO
Sozinha
Repleta de poeira,
Senhora
Sem eira sequer beira,
Caminha
Descendo ribanceira,
E chora
Sua vida corriqueira...
Apenas dorme para acordar
Acorda somente pra se deitar
Mas antes do sono sempre precede
Um gemido, uma espécie de prece
“Deus, eis que estou cheia de pó.
Suplico:
-Me leve
Ou traga um aspirador de só”
Barbara Leite
...
"Foi SÓ o amor ou medo de ficar sozinho outra vez?"
Marcelo Camelo
Repleta de poeira,
Senhora
Sem eira sequer beira,
Caminha
Descendo ribanceira,
E chora
Sua vida corriqueira...
Apenas dorme para acordar
Acorda somente pra se deitar
Mas antes do sono sempre precede
Um gemido, uma espécie de prece
“Deus, eis que estou cheia de pó.
Suplico:
-Me leve
Ou traga um aspirador de só”
Barbara Leite
...
"Foi SÓ o amor ou medo de ficar sozinho outra vez?"
Marcelo Camelo
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