
Ela brincou de dor debaixo da chuva
alimentou-se das gotas dos temporais
olhou seu corpo e encontrava-se nua
vestida apenas com seus somados ais
Brincou de cabra cega com o passado
usou a venda nos olhos como amuleto
tateou e experimentou sabor amargo
saturou-se de brincar de ser brinquedo
Restos de lágrimas molhavam seu colo:
-É tarde,
mas ainda é agora!
E brincou de roubar coroas dos reis
reaprendeu a ser nua com estranhos
recomeçou a brincar de era uma vez
ignorando teses do seu olhar castanho
Restos de sorrisos enfeitavam seu rosto:
-É tarde,
Mas ainda é agora!
Barbara Leite
Poema musicado por Heitor Branquinho!
3 comentários:
Excepcional poema, Bárbara.
Sem prejuízo do conjunto, quero destacar a quadra
“Brincou de cabra cega com o passado
usou a venda nos olhos como amuleto
tateou e experimentou sabor amargo
saturou-se de brincar de ser brinquedo”
que tem uma riqueza melódica maravilhosa.
Parabéns
Beijos
A chuva como um colírio para os olhos, a chuva como um refresco para um corpo esgotado e uma alma embaçada.O contato molhado contra a pele ressecada de carinhos da realidade.o ressuscitar de Gene Kelly...mais um lindo poema com a sua indeleável marca!
Já não é hora de voltar ao blog, Bárbara?
Beijos
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