sexta-feira, 7 de setembro de 2007

NÃO SOU.

Como ousam dizer que sou
BRANCA?
Se em meus olhos vigora o mel
E em diversos pontos minúsculos
Sou preta cor de carvão

Se em minha face,
Como uma pintura
O rosa me invade
E me revela tímida

Se os meus lábios,
A minha unha,
O meu cabelo.
Coro como quiser

Se os meus dentes
Nem eles são alvos
Já amarelaram a nova nuance
Vinda de meus vícios

Se a minha a pele
Exposta ao sol
Faz-me urucum
E ardo!

Como se atrevem dizer que sou
BRANCA?
Se meus ancestrais
Viveram nas senzalas
E herdei força

Se os meus tataravôs
Fizeram rituais sagrados
E respeitavam a natureza
Do solo e do humano

Como têm a petulância
de me limitar
de me catalogar
e sem minha autorização
me incluírem em tamanha ignorância?

Barbara Leite

...

"A verdade é que você tem sangue criolo...tem cabelo duro...sarará crioulo"
Macau

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