sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Tez necessária


Da lástima em forma líquida
sobra o rímel escorrido na face

judia!

Envergo(nho)-me
pelas chibatadas
rumo ao campo
de concentração

E de novo tentar entender
é correr atrás da sombra
(vão)

Rosto borrado
atualmente antigo

A guerra nada mais é
que a menina que rouba risos

Batendo asas


Cuide-me, com o mesmo dedicar
que uma ave cuida do ninho.

E quando eu, assim passarinho
achar que já é hora de voar,

não tente nem um tantinho
impedir-me de alçar.

Aquiete-se mansinho,
uma hora hei de voltar.

Pra lhe dizer baixinho,
que o mundo é bonito,
mas não se compara
ao seu sorriso

e tampouco ao seu olhar.



Ninno Amorim musicou esse poema! Em breve coloco aqui para vocês ouvirem!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Desequilíbrio



É só um novo labirinto
e um pouco de desgaste
outro tanto de desgosto

tentar entender o que sinto
que faz essa sensibilidade
transformar-se no oposto

Prefiro disparar lanças
a cultivar câncer

Perdoe essa agressão em escudo
eu lhe quero tanto bem

-Alguém com piedade
Salve-me desse ridículo
Amém !

Deve ser porque estava escuro
e não senti o perfume dos lírios

Talvez porque é maio
E em mim, nenhuma flor

Só raízes de novembro
E agora nova dor

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Muro


Mirei meus olhos de ontem
no retrovisor

Chuviscavam fraquezas
vendo o vôo das borboletas
amputadas

insistiam em encarar o falso
suplicando rações de verdade
como salário do mês trabalhado

Ainda não sabem que nem sempre haverá pão
na padaria suja da esquina

Nem sempre unhas vermelhas
Nem sempre cabides de lamento

Eram ampulhetas viciadas
em crer no infinito
e não viam importância
em distinguir diferença
e indiferença.
Pois sangra da mesma maneira.

Meus olhos de ontem eram restos
que precisava enfrentar.

Como eram nojentos os meus olhos de ontem!